A agenda!...
Aquela que se
partilha pelo telemóvel, pelos papeis imensos perdidos na mesa da cozinha, do
escritório, da mala e do frigorifico. Aquela que de tem tao cheia que está já
nem rabiscos permite. Aquela que não pode sequer contemplar um atraso, uma
preguiça ou um acaso infeliz.
Maldita sejas agenda
estúpida, que me impeles para uma roda viva de deveres, tarefas e obrigações… e
mesmo assim… eu não chego, nem a horas, nem a todo o lado. Perco-me no tempo,
no caminho mas pior, nas emoções. Alegro-me, enfureço-me e desfaço-me em lágrimas
sem ter hora marcada nem local previsto. Tudo conspira contra mim e tudo
conspira por mim.
Mas onde, em que
parte da tua maldita existência existe o meu espaço para descarregar, para me
deixar abater e simplesmente chorar, dormir, praguejar e quem sabe sentir o
último raio de sol da alegria intemporal. Permitir-me quem sabe à fumaça de uma
qualquer preguiça num recanto por inventar, por descobrir. Prostrar-me onde
posso simplesmente despir a pele da fortaleza que dizer que sou. Abater-me sem
juízos nem conselhos. Percorro-te de cima abaixo e não me encontro em ti, não
tens nenhum lugar para mim… Pois não.
Eu, sempre eu, e
mais uma vez eu, não cheguei nem a tempo,
nem pelo caminho certo. Voltei a perder-me com quem, não conheço e a quem
permito tudo e mais alguma coisa. Voltei a esquecer-me de me reservar nessas
tuas linhas e colunas. O meu tempo parece não chegar para mim.
E no entanto é
imenso…
Su