segunda-feira, 6 de abril de 2015

Filha a tempo inteiro

Muito tenho lido por essa internet fora, sobre a maravilha, a alegria e o universo de ser "mãe a tempo inteiro". 

Faço parte deste clube. Mesmo estando a trabalhar 10 horas por dia, o resto do meu tempo, por inteiro, é deles, dos meus descendentes. O cansaço é extremo mas as algerias nascem do tudo e muitas vezes até do nada.

Ser mãe é fabuloso mas estou neste momento a entrar naquela fase da vida em que se impõe também outra ocupação, se calhar até mais importante: "ser filha a tempo inteiro". 

Porque os avós não existem só para se maravilharem com os netinhos e as conquistas dos seus filhos. Os avós, os idosos, os velhos são as nossas origens e devem/tem de ocupar na vida de cada descendente um lugar de carinho, de amor, de ternura mas acima de tudo e qualquer outra coisa, de Muito RESPEITO.

Ser filha a tempo inteiro? Quantos de nós estaremos a altura deste desafio?... Será ele, o desafio, compatível com o resto da nossa vidinha? De quanto estamos dispostos a abdicar pelos nossos pais?...

sexta-feira, 6 de março de 2015

Esbardalhar-me contra moinhos de vento... check

Há dias em que dou por muito perfeitamente esmagada, desmembrada... E porquê?...

Porque faço demasiadas perguntas, penso demais sobre os assuntos, analiso-os segundo vários pontos de vista, encontro soluções e apaixono-me por causas. Moinhos de vento na realidade, qual D. Suzy Quichote.

O último esbardalhanço fez um pouco mais do que um estrago no ego. Deitou-me verdadeiramente abaixo e mexeu comigo a vários níveis.

Sempre acreditei que dizer mal das coisas só por dizer, nem resolve os problemas nem nos acrescenta grande valor. Há que pensar sobre o que está verdadeiramente mal e encontrar, porpor e colocar em prática algumas estratégias... ou então desistir e mudar de vida/rumo.

Entrei recentemente num projecto que se alimentava já de um grupo de 40 pessoas onde eu não conhecia ninguém. Os pouco com quem travei diálogos, gratuitamente me foram apresentando os podres do serviço, da equipa, da gestão, do dia cinzento, do dia soalheiro, do seu umbigo e do mundo. Fui colecionando, qual caderneta de cromos, todas as esmolas até ao dia em que o indigitado alvo de culpa veio ele mesmo expor os pontos sensíveis. O seu desalento e cansaço foram para mim mais assustadores que as próprias palavras que de resto eram desprovidas de novidades.

Peguei nas minhas ideias, que eram já inúmeras e entrei-lhe sala a dentro, qual arquiteto abraçado a projectos. Acho que mais do que as iniciativas tao velhas e gastas, o que o surpreendeu foi mesmo a minha confiança e a motivação com que lhas vendi. A cola pegou e fomos em frente... em breve eramos 15 pessoas apaixonadas pelo projecto "fazer a difirença".

Não sabia eu que.... há sempre um que. A "diferença" que iamos fazer era mesmo matemática. Enquanto uma dúzia de nós demos braços, pernas, voz e coração a um projecto quase infantil, o alvo tratou de procurar também uma mudança, para si próprio.

O tempo passava e os dias corriam, tal como adolescentes enamorados e verdadeiramente sonhadores, certos que o objectivo era uma aposta ganha.

E foi... mas não para mim, nem para eles. A noticia veio então, num fim de dia. "Vou abraçar um novo projecto... fora daqui. Vocês serão espalhados por aí."


Se pudesse cair, ter-me-ia liquidesfeito contra o chão. Se pudesse deixar que as lágrimas rolassem, teria provocado uma inundação. Se pudesse soltar a voz teria ficado muda.... como pude ser tao criança, tao estúpida, tao parva. Eu pequenina, acabadinha de chegar... que diferença poderia eu fazer.


O mais incrível foi perceber que todos se acomodaram e até se alegraram com a vitória alcançada por alguém que apenas nos adiou a morte ao fazernos acreditar num moinho de vento e na já ganha batalha contra ele.

Sinto-me perdida, desorientada, traída, estúpida mas pior que tudo isto é não conseguir matar este bichinho que me continuar a mostrar outro caminho, outra forma de combater o acomodar-me com o rebanho e querer revolucionar o marasmo que mora nos nossos dias. 

É caso para dizer: 
"Morre porra, porque não morres?!... Deixa-me viver calma, sossegada e indiferente como as pessoas normais."